Coerência e Tolerância



por Eduardo Bomfim*

Sinto-me na obrigação de fazer algumas considerações, sempre respeitando opiniões divergentes, ouvindo atentamente outros argumentos. Todos estamos sempre aprendendo. Extraindo lições e combatendo. A verdade é que após o advento hegemônico do neoliberalismo como doutrina em escala planetária, principalmente nos idos dos anos setenta, o mundo rodopiou e sofreu alterações profundas.


No entanto, é necessário ressaltar que a onda por onde surfou o endeusamento do mercado, como maravilha curativa para todos os problemas econômicos e sociais do mundo, demorou algum tempo para chegar avassaladoramente no país.

Porque havíamos saído de um regime de arbítrio que durou vinte e um anos. Amplos segmentos sociais, operários, assalariados da classe média, o mundo acadêmico, artistas, áreas significativas do empresariado, sentiam-se sufocados pelo autoritarismo.

A truculência do regime militar, impunha uma política de frente ampla como instrumento de resistência à ditadura. E aconteceu. Nesse mesmo ciclo histórico, desabou a União Soviética, o Leste Europeu. Um choque político, psicológico, depressivo, para muitos ativistas da causa social.

A euforia do capital financeiro, nos EUA, Inglaterra, foi tamanha que um escriba do Departamento de Estado norte-americano, Francis Fukuyama, escreveu um livro alardeando o fim da História.

Mas esse mundo sem porteiras, vem sofrendo guerras terríveis, massacres, genocídios. Mesmo assim, é complexa a retomada da luta dos povos pela soberania e liberdade.
São necessárias respostas teóricas para desvendar acontecimentos de tamanha magnitude, inclusive a ofensiva guerreira, propagandista, principalmente através dos EUA. Apesar de tudo, surgiram vitórias e luzes.

Há quem ignore a dimensão deste conturbado período histórico. Ou assim o deseje.
Vitórias eleitorais, reflexo do sofrimento causado pela brutalidade destes tempos, não significam o surgimento de uma época de esperança e liberdade, mas sinais tímidos de mudanças. Ninguém se iluda.

Solidez da alma, sem exclusivismos, na adversidade, é sinal de bom senso.




*Eduardo Bomfim, Advogado

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