Cartunista lança cartilha sobre a Revolta dos Búzios, cuja carta é o documento mais antigo de Direitos Humanos em nosso país, segundo o presidente do Olodum
Eduardo Sales Lima,
da Redação
No dia mundial pela luta e promoção da igualdade racial, 21 de março, Maurício Pestana, cartunista que já publicou 45 cartilhas, lançou a "Revolta dos Búzios, Uma História de Igualdade no Brasil", que visa atingir crianças, jovens e adolescentes. A obra teve a participação do Olodum. "Eu tive que fazer uma pesquisa muito grande de como era Salvador naquela época", afirma o cartunista. Para ele, ainda vivemos em um estado colonial, principalmente quando se visita alguns rincões do nordeste brasileiro.
A Revolta dos Búzios, Revolta dos Alfaiates ou Conjuração Baiana foi a luta daqueles que "sonhavam com uma república democrática, com o fim da escravidão e das desigualdades entre brancos e negros, em pleno século 18, na cidade de Salvador", como versa a cartilha. Inspirados pela Revolução Francesa, Ana Romana, Maria do Nascimento, Manoel Faustino dos Santos, João de Deus do Nascimento, Luiz Gonzaga das Virgens e Lucas Dantas estão entre os principais ativistas daquele movimento.
"Apesar de ser uma história passada e vivida na Bahia, é assunto nacional. A Revolta dos Búzios é a base dos direitos humanos no Brasil. Foi a primeira vez que se escreveu um documento que se falava de oportunidades iguais no país", explica o presidente da Associação Carnavalesca Bloco Afro Olodum, João Jorge Santos Rodrigues.
O presidente do Olodum explica que a Revolta dos Búzios, conhecida também como Conjuração Baiana, trata-se não somente de uma história negra, mas uma história do próprio país e aponta que a exclusão racial e social permanece tão atual quanto em 1798, época da Revolta dos Búzios.
"Recentemente, a Folha de São Paulo fez uma pesquisa sobre o acesso à Universidade em São Paulo e encontrou e descobriu que uma rua nobre em São Paulo detém 11% das vagas na USP, em contraponto a 0,2% das vagas preenchidas por estudantes da Zona Leste cidade", denuncia João Jorge. Segundo ele, o sistema de castas no Brasil é mais eficiente que o da Índia, porque na Índia há uma política de ação afirmativa que desde 1949 vem promovendo as classes ditas inferiores. João Jorge afirma que a luta no Brasil é uma só: pela igualdade social e racial e ressalta que a ação da polícia na zona leste de São Paulo pode ser comparada a da polícia em Shaperville, em 1960. Pouco mudou.
O Massacre de Sharpeville
No dia 21 de Março de 1960, ocorreu na cidade de Sharpeville na província de Gauteng, na África do Sul, um protesto contra a Lei do Passe, que obrigava os negros da África do Sul a usarem um cartão, no qual estava escrito a onde eles podiam e deviam ir. Cinco mil manifestantes reuniram-se em Sharpeville, uma cidade negra nos arredores de Johannesburg, e marcharam calmamente, num protesto pacífico. A polícia sul-africana conteve o protesto com rajadas de metralhadora. Morreram 69 negros, e cerca de 180 ficaram feridos. A ONU implementou o Dia Internacional Contra a Discriminação Racial, que passou a ser comemorado todo dia 21 de Março, a partir do ano seguinte.
Mais informações sobre o cartunista: www.mauriciopestana.com.br
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