Retrato Radical

Retrato Radical lança CD domingo no Reciclo


Janaína Cunha Melo - EM Cultura
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Maria Tereza Correia/EM/D.A Press
O Retrato Radical mostra 13 faixas inéditas e músicas que o consagraram desde os anos 1980
Os veteranos do Retrato Radical lançam o CD Homem bomba domingo, no Reciclo Asmare Cultural. O show, edição especial da festa Instinto Louco de Expressão, é promovida no projeto Diversidade Urbana, e recebe convidados. Kontrast, A Profecia, Máfia NVS, os DJs Marco Túlio e DJ Spider passam pelo palco, antes do quarteto composto por Radical, Canela, Pool e Jaqueline. Eles mostram as inéditas do disco, composto por 13 faixas, e músicas que consagraram o grupo de rap, ativo desde os anos 1980.

Produzido pela Xeque Mate Produções, o disco começou a ser trabalhado em 2005. O Retrato Radical preserva a referência da soul music, que influencia os MCs desde a estréia no hip hop, mas marca o diálogo do grupo com vertentes da música popular brasileira. “James Brown é nosso ícone, a fonte mais importante para todo mundo do rap, mas descobrimos muita identificação com a nossa música, que é muito rica”, comenta Marcelo Luiz de Paula, o rapper Canela. Martinha, Roberto Carlos, Aguinaldo Timóteo, Nelson Ned, Tim Maia e Ney Matogrosso passaram a fazer parte da discoteca dos MCs. “Não tínhamos noção de como esse acervo musical é grande. Começamos a escutar e não paramos mais. Tem muito a ver com a gente”, diz.

Homem bomba, ele explica, trata do limite de cada um. Relata situações extremas, do cotidiano na periferia. Criminalidade, pobreza, desemprego, crítica social estão entre os temas, convertidos em rimas poéticas. “O menino que vende bala na rua e não consegue estudar, está no limite. A molecada que entra para o crime sem saber o que está fazendo, também”. Bike avião fala da iniciação das crianças no tráfico de drogas; 78 mostra o contraste, da infância que no passado desfrutava das brincadeiras de rua. “É uma homenagem a essa década, quando os meninos se divertiam com carrinho de rolimã, amarelinha, pique-esconde”, comenta Canela.

A festa, que conta ainda com lançamento dos clipes 78 (Retrato Radical), Mó sufoco (A Profecia) e participação do coletivo Nospegaefaz com a música Pra Maloca Pirar, presta homenagem ao rapper D.U.K.E., morto no Morro Alto no início do ano. O artista, que passou pelo Artigo 607 antes de se integrar ao Retrato Radical, tinha 29 anos de idade e era considerado referência de superação, que descobriu alternativa no hip hop. “Ele era exemplo pra muita gente. Tinha estilo, boa levada, expressão. Como artista, ele era testemunha dos relatos da periferia, e passou a ser réu da história que narrava. Foi uma grande perda”, lamenta.

Canela conta que o grupo investiu cerca de R$ 12 mil para a realização do novo disco, que chega ao mercado em tiragem de mil cópias. Apesar das dificuldades para captar recursos, o rapper acredita que o talento desta geração tem sido capaz de demonstrar o potencial do movimento. “O rap hoje é uma indústria. Apesar das dificuldades, temos cena forte, com grupos de expressão na música e também no grafite, além dos DJs e b.boys. Estamos passando por uma ótima situação, de amadurecimento”, afirma.

RETRATO RADICAL
Reciclo Asmare Cultural, Av. do Contorno, 10.564, Barro Preto, (31) 8442-5686. Domingo, 16h. Lançamento do CD Homem bomba.
R$ 5.

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