A comunicação na era do "Oi"
"Hamilton nem sabe como terminou a briga entre atendente da loja e atendente do telefone. Desistiu do novo plano e foi para casa..."
Hamilton Gualberto é um desses brasileiros já de paciência esgotada com a indiferença de quem deveria prestar serviços essenciais e com a ausência de governo para exigir respeito ao cidadão. Anteontem, ele passou muita raiva dentro de uma loja de telefonia celular e chegou à conclusão de que a zona boêmia que freqüentava na juventude era muito mais organizada.

Hamilton decidiu mudar de plano telefônico. Como não acredita nas recentes medidas anunciadas pelo governo para melhorar o atendimento via telefone, decidiu ir a uma loja. Escolheu a da Oi no Shopping Del Rey. Depois de analisar as opções, escolheu um plano chamado Oi Total, que custa 179 reais, quatro vezes mais que o seu atual. O funcionário pediu que fizesse o pedido de mudança por telefone. Ele ligou. A moça avisou que teria de ir a uma loja. “Mas estou na loja”, ponderou o cliente, ao que ela emendou: “Então, aproveita e resolve aí”. Desligou o telefone, virou-se para o rapaz de antes e deu o recado. Ele mandou discar de novo. Hamilton discou, esperou e foi atendido por outra moça, que repetiu a sentença. Brigou, pediu para falar com o chefe dela que, ao telefone, confirmou tudo. E o chefe de lá começou a discutir com o funcionário de cá até que este chamou a gerente da loja, mocinha de vinte e poucos anos que chegou avisando que uma solução só seria possível pelo telefone e deu as costas ao freguês.

Hamilton nem sabe como terminou a briga entre atendente da loja e atendente do telefone. Desistiu do novo plano e foi para casa convencido de que essas casas de tolerância, também chamadas de alta rotatividade ou “da luz vermelha”, são mais organizadas. Há sempre alguém que resolve. Manda. Decide. Ah, e o freguês sempre tem razão...

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