Jackson Romanelli/EM/D.A Press | | Erudita ou popular, música preta brasileira inspira Luciana Gomes, a DJ Black Josie | Luciana Gomes descobriu a música depois dos 20 anos. Ela já cursava comunicação social, quando foi incentivada a estudar piano. Recebeu preparação privilegiada de Elvira Prates – a Léa Delba, do teatro de revista – e ingressou no extinto curso de percepção musical do Conservatório. Desde então, as descobertas são sucessivas: ela fundou a Cameratta Lusitana, com a qual se dedica ao repertório colonial, e agora traz à cena a DJ Black Josie – personagem que realiza performances de “música preta brasileira” em casas noturnas da capital. Para Luciana, a raiz africana tem sido o eixo de relações estéticas as mais inusitadas. Esse é o elo que funde José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita a Tim Maia.
“A música colonial foi criada e interpretada por negros. Pouco se fala sobre isso, mas todo aquele repertório magnífico veio dos escravos. Então, o que faço é música negra, mesmo a erudita”, argumenta a cantora, instrumentista e DJ. Desde a criação de Black Josie, ela tem sido convidada para festas e eventos. Discotecou no bar do Cenas curtas (projeto do Galpão Cine Horto), no Bar do Festival Internacional de Teatro de Bonecos, no Sambacanagroove e no projeto Cubanías. Tem apresentações confirmadas na Ioio Mercearia, em setembro, e vai participar do Festival Mundial de Circo, no próximo fim de semana, acompanhando o Sarah Assis Quarteto, responsável pela trilha sonora do espetáculo Variedades, que reúne artistas de diferentes estados.
A seleção de músicas se concentra nos anos 1970, de Cassiano a Jorge Ben Jor, passando por outros ícones que se inspiraram na black music norte-americana. “Estou no contexto da turma que ouvia James Brown. O movimento Black Rio, que começou no Rio de Janeiro e se difundiu por todo o país, é outra referência importante. Essa geração tem sido muito ouvida, principalmente nos bailes de periferia. Acho que a missão da Black Josie é fazer a ponte”, diz Luciana. Ela se surpreende com a reação do público aos sets que apresenta, o que confirma a atualidade dos clássicos de décadas atrás.
A música popular era hobby na rotina de canto erudito de Luciana. Como DJ, ela decidiu experimentar, investiu em equipamentos de última geração e incluiu outros instrumentos na lista de prioridades para os ensaios. “A Black Josie me trouxe essa surpresa. Quando me dei conta, já tinha comprado uma bateria, montei uma banda e passei a dar outro tipo de atenção ao repertório black”, conta. “A música popular sempre me chamou, mas nunca a assumi por achar que não era minha praia”, diz.
A cantora não pretende negligenciar o valioso trabalho de preservação e memória desenvolvido com o Cameratta Lusitana. Diretora artística e produtora do grupo, ela busca recursos para a terceira edição do projeto Estrada Real e prevê, para 2009, a realização da 3ª Mostra de Música Colonial Latino-Americana. Aos 35 anos, Luciana atribui à mãe, Lúcia Gomes, a versatilidade e o apreço pela boa música – de todos os gêneros. “Ela sempre me incentivou, estimulou o início de meus estudos. Foi com ela que aprendi a escutar ótimo repertório, no dia-a-dia, dentro de casa”, lembra. |
2 comentários:
É um enorme prazer ver que o talento irrefutável de Luciana Gomes está despontando em BH e espero que de BH para o mundo. Sua dedicação e importante trabalho com a músia colonial e seu talento para compor a seleção musucal da Black Josie fazem da Luciana Gomes um talento compenporâneo que liga com arte e bom gosto dois mundos musicais. Parabéns LuLu. Beijos, Daniella de Guimaraens Jorge
O trabalho musical da Lu Gomes reafirma o que sempre digo quando me perguntam que tipo de música gosto de ouvir: Música boa! De Gonzaga a Iron Maiden, de Wando a Bethoveen...não importa o gênero. Música boa vai ser sempre música boa. É o que a Lu faz de melhor, seja em que gênero for!
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