Reação é diferente entre meninas e meninos

PATERNIDADE PRECOCE

Henrique Teixeira/Divulgação
Maria Nogueira incentiva os jovens a irem ao Centro de Saúde Cafezal

A reação diante da notícia de gravidez é bem distinta entre as meninas e os meninos. Conforme aponta a pesquisa de Maria Nogueira, enquanto elas ficam tranqüilas e passam a viver para a gestação, eles reagem de outra forma. “Algumas se dizem pressentir grávidas, destacam a sensação de felicidade de ter um filho e mais uma vez enfatizam a vontade de tê-lo”, afirma. Ao serem questionadas sobre a reação do pai do bebê ao ficar sabendo da novidade, as meninas faziam questão de frisar para a pesquisadora que ele havia ficado “muito alegre” com a notícia, depois da surpresa inicial.

O relato dos meninos, porém, difere um pouco em relação à boa aceitação das meninas. Segundo a pesquisa, costumam ficar descrentes diante da notícia e até duvidar se o filho de fato é deles. “Inicialmente, eles duvidam que a adolescente esteja grávida, chegando a não aceitar que o filho fosse realmente deles e atribuindo a ‘culpa’ pelo ocorrido somente à adolescente, colocando-se como vítima em toda a situação”, informa a pesquisadora.

Maria Nogueira destaca que, diferentemente das adolescentes, os jovens manifestam a sensação de impotência diante do fato. “Aí eu tipo zoei (caçoar) com a cara dela. Eu comecei a rir, falei assim: que brincadeira sem graça, pára com isso, você está ficando doida? Aí ela: eu acho que eu estou grávida mesmo. Aí eu fiquei meio nervoso e comecei a rir da cara dela. Falei: não, isso é mentira, isso é lero-lero seu. Aí eu peguei e subi, fui embora e ela ficou lá na casa dela”, afirmou um estudante de 17 anos, que não foi identificado para ser preservado.

FUTURO Foram entrevistados 17 jovens, sendo oito pais e nove mães, com idades entre 15 e 19 anos. Todos eram pertencentes a famílias de baixa renda (até três salários mínimos). Das meninas entrevistadas, oito já tinham tido os bebês e uma estava grávida de seis meses. Sete garotos já eram pais e um será em menos de dois meses.

O futuro de meninas e meninos é bem distinto. As meninas geralmente abandonam a escola, enquanto os meninos não se desvinculam. Dos entrevistados, apenas um adolescente interrompeu os estudos devido ao fato da gravidez. Das adolescentes, sete não freqüentavam a escola, sendo que seis haviam parado por causa da gravidez. A outra estava fora da escola quando engravidou.

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