Cresce proporção de jovens grávidas

PATERNIDADE PRECOCE

Henrique Teixeira/Divulgação
Foto da exposição Qualé papai?, que fica no Minas Shopping até 14 de setembro

A gravidez na adolescência é um problema médico-social grave, considerado de alto risco pela Organização Mundial de Saúde (OMS). De acordo com o obstetra e professor do Hospital das Clínicas da UFMG, Antônio Aleixo, os números dão a dimensão do problema que coloca em risco a vida de muitas jovens, bem como trazem impactos indesejáveis para as famílias. Por ano, são feitos, em média, 1 milhão de partos de casais adolescentes.

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad 2006) registrou um aumento na proporção de adolescentes grávidas que concluíram a gestação. Entre os anos de 1996 e 2006, a média entre as meninas de 15 a 17 anos subiu de 6,9% para 7,6%. O crescimento vegetativo da população brasileira tem caído nos últimos anos, no entanto, verifica-se o fenômeno de rejuvenescimento da maternidade. Enquanto as mulheres mais velhas e com maior tempo de escolaridade estão cada vez mais reduzindo o número de filhos, entre as jovens tem aumentado as taxas de fecundidade.

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Foto da exposição Qualé papai?, que fica no Minas Shopping até 14 de setembro

Em termos mundiais, o país tem a quinta maior população jovem, com idades entre 10 e 24 anos: são aproximadamente 52 milhões de pessoas, 30% de toda a população brasileira. O banco de dados do Sistema Único de Saúde (DataSus) deste ano aponta que 13% das brasileiras de 15 a 19 anos têm pelo menos um filho, o que representa um total de 1,1 milhão de mulheres/mães. “Ao considerar as taxas específicas de fecundidade por idade, os estudos apontam para um maior aumento da participação da fecundidade jovem para a composição da Taxa de Fecundidade Total, demonstrando que uma proporção importante da fecundidade brasileira está situada, cada vez mais, na população jovem (15 a 24 anos)”, informa Maria Nogueira.

A gravidez na adolescência traz riscos médicos, como as doenças venéreas e complicações nos partos; e sociais, como o abandono da escola e da casa. A prática do aborto é outra ameaça para a saúde das mulheres, que contribui para as elevadas taxas de mortalidade materna na adolescência. Quando é a única solução para pôr fim a uma gravidez não planejada, as mulheres se expõem a riscos médicos.

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Foto da exposição Qualé papai?, que fica no Minas Shopping até 14 de setembro

Em países em que o aborto é proibido, ou o acesso a ele é dificultado, a saída encontrada é o aborto clandestino, realizado, na maioria dos casos, em situações precárias de higiene e por profissionais pouco qualificados, o que resulta em agravos à saúde da mulher. Devido à ilegalidade do ato, a adolescente, em muitos casos, recorre a meios ilegais, o que implica sérios riscos de complicações associadas.

SOLUÇÕES Antônio Aleixo lista uma série de medidas que precisam ser adotadas para que o problema seja superado. Desde o aumento na escolarização dos jovens, como também melhorias no atendimento aos jovens nos centros de saúde. Segundo o especialista, há alguns aspectos que dificultam o interesse dos jovens por métodos contraceptivos. Um deles é a falta de profissionais especializados para lidar com esse público. “As farmácias populares, fontes baratas de anticoncepcionais, apresentam uma barreira para as adolescentes, que é a necessidade de CPF, além da receita médica. A grande maioria das adolescentes não tem CPF”, complementa.

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